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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

"CANTE DE LÁ QUE EU CANTO DE CÁ"

Foto do pássaro cancão tirada, no meu sítio, em Ipueiras-Ce

ALDEMÁ MORAIS E DALINHA CATUNDA
.
AM
Dalinha eu sou um poeta
Matuto, aqui do sertão
sei o que é tomar banho
na beira de um cacimbão
puxando água na lata
fazendo calo na mão.
DC
Meu querido Aldemá
Com inveja não fiquei.
Já tomei banho de rio,
E no açude mergulhei.
Com uma cuia na mão
Em cacimba ou cacimbão
No sertão eu me banhei.
AM
Foi mãe preta e pai João
que me fez ser desse jeito
por isso eu guardo no peito
tão boa recordação
me diga se aí tem "cancão"
e rolinha "fogo pagou"
se você já escutou
o canto de um jacu
se já pegou um nambu
depois, com pena, soltou?
*
DC
Amigo vou lhe contar
E preste muita atenção:
Tem rolinha, tem cancão
Aqui neste meu lugar.
Ouvir uma ave cantar
Encanta-me o coração.
Já tive nambu na mão,
Porém resolvi soltar
Se ela nasceu pra voar
Por quê botar na prisão?
*
Versos de Aldemá Morais E Dalinha Catunda
Foto de Dalinha Catunda
Visite ainda:
www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.rosarioecordel.blogspot.com

Um comentário:

  1. Caros parceiros,
    Realizando minhas pesquisas, me deparei com alguns versos de Paulo Nunes Batista, que peço agora, permissão para postar neste comentário. Selecionem, se acharem cabível. Mas me encantei com os trechos lidos, retirados de uma entrevista realizada por Ana Lúcia Nunes e Mário Henrique, para A Nova Democracia. A poesia e a entrevista, transcendem o tempo de sua realização. Confiram:

    Poesia popular

    (trechos)
    (...)
    Que, poesia popular
    pode ser — e é universo
    é resistência é trincheira
    contra o sistema perverso
    que deixa o Povo com fome
    e rico nadando em uísque.
    (...)
    Poetas da elite, não
    torçam seu nariz grã-fino
    contra os poetas do Povo
    que lá do chão nordestino
    nunca deixam o Povo só:
    tentam rasgar esse nó
    que amarra nosso destino.

    O cordel é brasileiro
    fala do que o Povo sente
    no verso lido na praça
    ou cantado no repente,
    pois cordel é voz da raça,
    é (em)canto de nossa gente.

    Cordel — Mensagem do Povo
    fala do velho e do novo,
    de canudos, de Kosovo,
    de aids, de corrupção,
    de injustiça e violência,
    governo sem consciência,
    dos sem-terra — e a resistência
    que leva à Revolução.

    Abraço,
    Rosário Pinto

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